Oxóssi é o orixá da caça e da fartura. É identificado no jogo do merindilogun pelo odu obará e representado nos terreiros de candomblé pelo igba oxóssi.
Etimologia
"Oxóssi" veio do iorubá Òşóòsì.
África
Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.
Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.
Brasil
Ibualama, Inlè ou Erinlè - Escultura de Carybé
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.
Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".
Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira.
No Brasil, Ibualama, Inlè ou Erinlè é uma qualidade de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá e pai deLogunedé. Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.
Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo.
Oxóssi é a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica.
Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão de cada dia, a alimentação da tribo, costumeiramente cabe aos caçadores.
Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material.
Arquétipo
As pessoas consideradas filhas de Oxóssi são alegres, expansivas, preferem agir à noite, como os caçadores. São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido. Sabem lutar e alcançar o que almejam, como que lançando uma flecha e acertando o alvo. Sabem se controlar, mas, quando raivosos, ferem as pessoas com palavras e atitudes, como se fosse dada uma flechada. Quando amam, são zelosos e fiéis, não toleram ser enganados. São muito trabalhadores e honestos.
Qualidade de Oxóssi
Òdé
Otin
Òdéarólé
Akeran
Ajayipapo
Danadana
Apáòka
Inlè
Irinlè
Ibualama
Isambu
Karele
Sete folhas mais usadas para Oxóssi
Ewê odé
Akoko
Odé akoxu
Etítáré
Iteté
Igbá ajá
Bujê
Sincretismo
No Rio de Janeiro e em São Paulo, é sincretizado com São Sebastião. Em Salvador, no dia de Corpus Christi, é realizada uma missa, chamada de missa de Oxóssi, com a participação das ialorixás do candomblé da Casa Branca do Engenho Velho da Federação.
Cuba
Oxossi (ou Odé ) é um orixá da santeria cubana. Representa o caçador infalível.
Odé é uma das deidades da religião yoruba. Na santeria, é sincretizado com São Alberto Magno e São Norberto. Particularmente em Santiago de Cuba, é "Santiago Arcanjo".
Resumo
Odé é o orixá caçador.
O Orixá
É considerado mago ou bruxo. Faz parte dos orixás guerreiros. Suas cores são o azul e o coral.
Família
Filho de Obatalá e Yembó. Irmão de Xangô, Ogum, Eleggua. Esposo de Oxum, com quem teve o filho Logunedé.
Oferendas e danças
Sacrificam-se pombas, cabritos, galos, codornas, frangos, veados, galinhas-d'angola, cutias etc.
Haiti
No Haiti, as religiões predominantes são o vodu haitiano e o catolicismo.
Ogum (em yoruba: Ògún) é, na mitologia yoruba, o orixá ferreiro, senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, identificado no jogo do merindilogun pelos odu etaogunda, odi e obeogunda, representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba ogun.
Ogum é considerado o primeiro dos orixás a descer do Orun (o céu), para o Aiye (aTerra), após a criação, um dos semideuses visando uma futura vida humana. Em comemoração a tal acontecimento, um de seus vários nomes é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra".
Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado 'Ire-Ekiti'.
É também chamado por Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún. Sua primeira aparição na mitologia foi como um caçador chamado Tobe Ode.
Família
Assentamento de Ogum
É filho de Oduduwa e Yembo, irmão de Xangô, Oxossi, Oxun e Eleggua. Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.
Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé.
Os Igba Imolé eram os duzentos orixás da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos orixás da esquerda.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado,pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza.
O guerreiro
Era um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê". Tem semelhança com o vodum Gu.
Arquétipo
De acordo com Pierre Verger, o arquétipo de Ogum é o das pessoas fortes, aguerridas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vítimas.Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.
Aspecto
Dança a Ogum
Na Santeria Ogum é dono dos montes junto com Oxossi e dos caminhos junto com Eleggua. Representa o solitário hostil que vaga pelos caminhos. É um dos quatro Orixás guerreiros. Suas cores são o azul e branco ou branco e vermelho.
No Candomblé Ogum é o Orixá ferreiro dono de todos os caminhos e encruzilhadas junto com seu irmão Exu, também é tido como irmão de Oxossi e uma ligação muito forte com Oxaguian de quem é inseparável, aparece como o Senhor das guerras e demandas, suas cores são Azul cobalto e o verde e naUmbanda sua cor é o vermelho.
Oferendas e danças
Sacrificam-se bodes, galos, galinhas-de-angola (macho), pombos, e patos. Todos os orixás masculinos (agboros) recebem sacrifícios de animais machos.
Diferentes mitologias
Ogum no Haiti (é um vodun haitiano, um loa) do fogo, do ferro, da caça, da política e da guerra. É o patrono dos guerreiros, e normalmente é mostrado com seus artefatos: facão e espada, rum e tabaco. Ogum é um dos maridos de Erzulie e foi marido de Oyá e Oxum na mitologia yorubá.
Tradicionalmente um guerreiro, Ogum é visto como uma poderosa divindade dos trabalhos em metal, semelhante à Ares e Hefesto na mitologia grega e Visvakarma na mitologia hindu. É representado, no Brasil, como São Jorge; como tal, é poderoso e triunfal, mas também exibe a raiva e destrutividade do guerreiro cuja força e violência pode virar contra a comunidade que ele serve.
Dá força através da profecia e magia, e é procurado para ajudar as pessoas a obter mais um governo que dê resposta às suas necessidades.
Brasil
Na tradição religiosa afro-brasileira Candomblé, Ogum (como é conhecida essa divindade yorubá no idioma português) é frequentemente identificado com São Jorge. Isto acontece, por exemplo, no estado do Rio Grande do Sul e na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, Ogum também é representado por Santo Antonio, como frequentemente é feito na região nordeste do Brasil, por exemplo, na Bahia.
Qualidades de Ogum:
Ogum - Escultura de Carybé
Ògúnjà
SoróKè
Wari
Lakàiye
Méjèje
Omini
Olode
Onírè
Alágbède
Méjè
Sete folhas mais utilizada para Ogum
Iji opé
Ida orixá
Atoribé
Okiká
Ojusaju
Peregun
Ewurô
Características
Dia: terça-feira;
Metal: ferro;
Cor: azul marinho ou azul escuro e verde.
Comida: feijoada e inhame;
Arquétipo: impetuosos, autoritários, cautelosos, trabalhadores, desconfiados e um pouco egoístas;
Símbolos: espada, facão, corrente de ferro.
Cuba
Em Cuba, na santeria e na Palo Mayombe, ele é chamado de São Pedro, São Paulo, São João Batista, São Miguel Arcanjo e São Rafael Arcanjo.
Dentro dessas crenças, Ogum é dono dos montes junto com Oshosi e dos caminhos junto com Eleggua. Representa o solitário hostil que vaga pelos caminhos. É um dos quatro orixás guerreiros. Suas cores são o verde e o preto. Ogum é considerado o Orisha dos ferreiros, das guerras, da tecnologia é violento e interessante.
Na mitologia Fon, Gu é o deus da guerra e patrono da deidade dos ferreiros e dos artesãos. Ele foi enviado à Terra para torná-la um local agradável para as pessoas viverem, e ele ainda não terminou sua tarefa.
Haiti
No Haiti, Ogoun é um lwa cultuado no vodun haitiano.
Símbolo Vodum Ogoun
A maioria dos africanos que foram levados como escravos para o Haiti eram da Costa da Guiné da África ocidental, e seus descendentes são os primeiros praticantes de vodou (aqueles africanos trazidos ao sul dos Estados Unidos, eram primeiramente do reino de Congo). A sobrevivência do sistema da crenças no novo mundo é notável, embora as tradições mudem com o tempo. Uma das maiores diferenças, entretanto, entre o vodun africano e o Haitiano é que os africanos transplantados do Haiti foram obrigados a disfarçar o seu lwa, ou espíritos, como santos católicos romanos, neste país, com Santiago el Mayor, num processo chamado sincretismo.
Outras características
Em todas as suas encarnações, segundo as diferentes crenças, Ogum é impetuoso e de espírito marcial. Ele também está relacionado com o sangue e, por esse motivo, muitas vezes é chamado para curar doenças sanguíneas., em especial a anemia ferropriva, pois acredita-se que a deficiência de ferro no organismo humano, seja a falta da energia de Ogum.
No culto dos orixás, ele aparece com outras identidades, tais como Ogum Akirum, Ogum Alagbede, Ogum Alara, Ogum Elemona,Ogum Ikole, Ogun Meji, Ogum Oloola, Ogum Onigbajamo, Ogum Onire, Ogun-un e Onile, sendo este último uma encarnação feminina.
Seus "filhos" aqui na Terra são pessoas fortes, que lutam na vida, são pessoas guerreiras que não descansam por nada, sempre ativas, combatem tudo. São verdadeiros peões. São pessoas corajosas, sem medo de se arriscar. São sérias e perseverantes. Tendência aos extremos: ou defende a polícia, ou foge dela.
Referências
↑ LODY, Raul Giovanni da Motta; Dicionário de arte sacra & técnicas afro-brasileiras, Pallas Editora, 2003 ISBN 85-347-0187-3, 9788534701877
↑ OSWALD, Hans-Peter, Vodoo: Der Zauber Haitis, BoD – Books on Demand, 2008 ISBN 3-8370-5904-9, 9783837059045
↑ a b c d e Verger, Pierre. Orixás, deuses iorubás na África e no Novo Mundo, p. 95. Salvador: Corrupio, 2002.
Bibliografia
Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Ogoun», especificamente desta versão.
Africa's Ogun: old world and new. ISBN 0-253-30282-X.
VERGER, Pierre Fatumbi e Carybé (ilustrador). Lendas africanas dos orixás. São Paulo: Corrupio Edições e Promoções Culturais Ltda, 1992, 3ª edição.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixá. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, 6ª edição.
GLEASON, J.. Orisha: the gods of Yorubaland. New York: Atheneum, 1971.
COURLANDER, H.. Tales of yoruba gods and heroes. New York: Crown, 1973.
BRINTON, D. G.. Myths of the new world. Philadelphia, 1896.
Exu é um orixá africano, também conhecido como: Esu, Eshu, Bara, Ibarabo, Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan, Lállú, Tiriri, Ijèlú. Algumas cidades onde se cultua o Exu são: Ondo, Ilesa, Ijebu, Abeokuta, Ekiti,Lagos.
Escultura na Praça dos Orixás em Brasília, Brasil
História
Exu é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. A palavra Èșù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun e o Aiye, o mundo material e o mundo espiritual, seja plenamente realizada.
Na África na época das colonizações, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade.
Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual, é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um equívoco de acordo com a construção teológica yorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do mal. Mesmo porque nesta religião não existem diabos ou entidades encarregadas única e exclusivamente de coisas ruins como fazem as religiões cristãs. Estas pregam que tudo o que acontece de errado é culpa de um único ser que foi expulso; pelo contrário, na mitologia yoruba, bem como no candomblé, cada uma das entidades (Orixás) tem sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano.
De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele.
No entanto, como tudo no universo possui de um modo geral dois lados, positivo e negativo, Exu também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter lembra o do ser humano que é de um modo geral muito mutante em suas ações e atitudes.
Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e ainda Rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú.
A palavra elegbara significa “aquele que é possuidor do poder (agbará)” e está ligado à figura de Exu.
Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é denominado Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei.
Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe oferecem.
Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da terra usados de forma bem precisa em seus trabalhos.
Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: “Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame”.
E assim é Exu, o orixá que faz o erro virar acerto e o acerto virar erro.
Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, por meio de uma artimanha, conseguiu ser o rei da região, tornando-se um dos reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil o reverenciam também com este nome.
Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante dos pedidos.
Brasil
No Brasil, no candomblé, Exu é um dos mais importantes Orixás e sempre é o primeiro a receber as oferendas, as cantigas, as rezas, é saudado antes de todos os Orixás, antes de qualquer cerimônia ou evento. O Exu Orixá não incorpora em ninguém para dar consultas como fazem os Exus de Umbanda, eles são assentados na entrada das casas de candomblé como guardiões, e em toda casa de candomblé tem um quarto para Exu, sempre separado dos outros Orixás, onde ficam todos os assentamentos dos exus da casa e dos filhos de santo que tenham exu assentado.
Exú
É astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos daí a assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio. Porém " … nem completamente mau, nem completamente bom … ", na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação" - contido no documentário "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", Exu reage favoravelmente quando tratado convenientemente, identificado no jogo do merindilogun pelo odu okaran.
Exu recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará, Alaketu, Agbô, Odara, Akessan, Lalu, Ijelu (aquele que rege o nascimento e o crescimento de tudo o que existe), Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê).
Sacrifício para Exú no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi
A segunda-feira é o dia da semana consagrado a Exu. Suas cores são o vermelho e o preto; seu símbolo é o ogó (bastão com cabaças que representa o falo); suas contas e cores são o preto e o vermelho; as oferendas são bodes e galos, pretos de preferência, e aguardente, acompanhado de comidas feitas no azeite de dendê. Aconselha-se nunca lhe oferecer certo tipo de azeite, o Adí, por ser extraído do caroço e não da polpa do dendê e portar a violência e a cólera. Sua saudação é "Larôye!" que significa o bem falante e comunicador.
Consiste o padê em um prato de farofa amarela, acaçá, azeite-de-dendê e uma quartinha de água ou cachaça, que são “arriados” para Exu.
Na nação de angola ou candomblé de Angola Exu recebe o nome de Aluvaiá, Pambu Njila, e Legbá, no Candomblé Jeje.
Não deve ser confundido com a entidade Exu de Umbanda. Os exus de umbanda são entidades de pessoas desencarnadas que, por motivos de evolução espiritual, retornaram à terra para cumprir essa missão junto ao seus seguidores. Essas entidades são confundidas com esu ou exu do Candomblé devido à proximidade que Exu tem com os homens. Entretanto, não são considerados orixás como o Exu, e sim quiumbas - conhecedores das vontades de homens e mulheres no plano terrestre, tendo vivido em épocas diferentes, porém com os mesmos problemas, desejos e sonhos.
Arquétipos
Seus filhos são sensuais, dominadores e inteligentes. Gostam da vida cercada de barulho, muitas pessoas e romances de todo tipo. Adoram festas e não se prendem a ninguém, são muito impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso, sem pensar em nada. Gostam de ajudar e trabalhar, mas podem se tornar vingativos e extremamente cruéis.
Algumas Considerações
"Sobre o Òrìṣà Èṣù, além de suas atribuições mais conhecidas, embrenhamo-nos em uma de suas mais complexas e poderosas qualidades – como O Guardião do Àṣẹ – que recebendo a réplica desta força neutra de Olódùmarè (Fálàdé, 1998, p. 494), coloca-a à disposição de todos, seja para os homens ou para os Òrìṣà, confirmando que Èṣù de mal e/ou mau nada têm mas, ao contrário, apenas age com justiça.
Suas ações para com os seres humanos são altamente benéficas, auxiliadoras e produtivas para aqueles que fazem uso adequado de seu livre-arbítrio e que, com retidão, se portam de maneira condigna para com os princípios e padrões morais e religiosos, seja em relação a si mesmo, seja em relação ao meio ambiente em que vive.
Recordando uma frase citada: “(...) Isto acontece por que algumas pessoas erroneamente possuem a convicção que Eṣu é o Opositor Satanás” (Fálàdé, 1998, p. 493) e que, além disso, o que faz com que os sacerdotes sejam bons ou maus não é o simples fato de administrar o àṣẹ, e sim a forma que deliberadamente usam este àṣẹ, podemos dizer que isto é uma questão humana de caráter, e nada tem haver com o poder divino do Àṣẹ. O que podemos dizer de Èṣù, que recebeu e administra a cópia do próprio Àṣẹ de Olódùmarè? Èṣù é igualmente neutro como o próprio Àṣẹ, por isso é o guardião do Àṣẹ.
Como Òdàrà, ele recebe, como Ẹlégbára, faz acontecer, e como Òjíṣé. conduz o retorno. Tudo isso é "Èṣù – Olódùmarè assim determinou." (Abimbola, 1975, p. 3). Será que ele é tão terrível e mau quanto querem dele fazer? Como ele pode ser tão temível se é tão neutro como o Àṣẹ? Quando narramos o Odù Iwori-Ofun (Bascom, 1969, pp. 310-311), vimos que simplesmente Èṣù cumpriu seus desígnios de forma imparcial.
As explanações aqui realizada efetivamente enalteceram Èṣù, porém, cabe tecer algumas considerações sobre a absurda questão, mesmo por sincretismo, de que o Òrìṣà Èṣù seja o diabo das religiões cristãs e/ou o mal absoluto tratado pelas religiões ocidentais, que diferem totalmente dos conceitos da religião dos Òrìṣà (Òrìṣàismo) (Barretti Fº, 2010), praticada na chamada Yorubaland e nas descendentes da diáspora.
Que fique registrado que a religião dos Òrìṣà, praticada em qualquer parte do mundo independentemente do nome regional adotado, não reconhece a Bíblia, seja do velho ou do novo testamento, como um de seus pertences sagrados, nem tampouco o Alcorão e a Torá. Para eles, os Òrìṣàistas, trata-se simplesmente de livros religiosos, como tantos outros. Mesmo sendo a religião dos Òrìṣàoriunda da tradição oral, portanto ágrafa, apesar de já deter muitos escritos, o único “livro ou fala sagrada” que reconhece em todos os seus ditames é o corpo “literário” do oráculo de Ifá, os Odù Ifá, cujo governo pertence à divindade Òrúnmìlà, portador de imensa sabedoria e conhecido como “Ibìkejì Olódùmarè – a segunda pessoa de Olódùmarè”.
Conceitos religiosos europeus não faziam parte das tradições yorùbá antes das colonizações, nem de suas descendentes na diáspora, tampouco antes dos senhores de escravos imporem aos africanos o catolicismo.
As formas deturpadas, aculturadas e sincréticas que impuseram e continuam impor à religião, nos dias de hoje, foram e ainda o são, os maus frutos decorrentes do processo da escravatura nas Américas e das colonizações europeias impostas a povos africanos. (Conferir em: "Os Clérigos Nativos Yorùbá.")
Outros conceitos como o de alma cristã, concepções de céu, inferno e purgatório, encontraram terreno fértil para se propagar no já contaminado caminhar das tradições yorùbá e de suas descendentes, por missionários, agentes governamentais e autores pertencentes a outras culturas e/ou crenças que registraram as tradições, costumes e religião dos yorùbá, escritos e interpretados pela ótica do colonizador e/ou opressor. E o pior, muito desses escritos (que até hoje continuam) criaram falsas tradições, que se tornaram “verdades literárias inquestionáveis” e vitimam a religião yorùbá até hoje. (Conferir em: Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu – Os Autores)
Um fato muito importante e que deveria ser totalmente condenável é que sempre que se “estuda” ou se “pesquisa” no campo das religiões comparadas, os parâmetros e os referenciais são sempre os do cristianismo, islamismo e outras. Para a religião tradicional dos yorùbá; a recíproca, infelizmente nunca é verdadeira, pois se o referencial fosse a africana, com certeza teríamos inúmeras e novas variáveis a serem avaliadas, para o bem da religião tradicional yorùbá e das afrodescendentes." (Barretti Fº, 2010, pp. 132-133).
Tipo de Exus
Eis aqui seus maiores dezesseis títulos e suas correspondentes "qualidades", os quais sempre foram ligados aos 16 Odu / Fundamentos de Tradição dos Itan Ifá / Contos de Ifá de Ile Ife / a Cidade Santa de Ifé :
Esu Yangi - o Senhor da Laterita Vermelha
Esu Agba - o Senhor Ancestral
Esu Igba Keta - o Senhor da Terceira Cabaça
Esu Okoto - o Senhor do Caracol
Esu Oba Baba Esu - o Rei e Pai de todos os Eshus
Esu Odara - o Senhor da Felicidade
Esu Osije - o Mensageiro Divino
Esu Eleru - o Senhor da Obrigação Ritual
Esu Enu Gbarijo - o Senhor da Boca Coletiva
Esu Elegbara - o Senhor do Poder Mágico
Esu Bara - o Senhor do Corpo
Esu L'Onan - o Senhor dos Caminhos
Esu Ol'Obe - o Senhor da Faca
Esu El'Ebo - o Senhor das Oferendas
Esu Alafia - o Senhor da Satisfação Pessoal
Esu Oduso - o Vigia dos Odus
Cuba
Assentamento de Elegguá
Em Cuba é chamado de Elegua ou Elegguá ou Eleggua.
É uma das deidades da religião yorùbá. Na Santeria é sincretizado com o Santo Niño de Atocha ou com Santo Antônio de Pádua. É o porteiro de todos os caminhos, da montanha e da savana, é o primeiro dos quatro guerreiros junto a Oggun, Osun e Oshosi.
Tem 201 caminhos e suas cores são o vermelho e o preto e seus números são 3 e 7. É o comunicador e Ifá lhe deu quatro búzios para falar com ele. Ele está presente no inicio da vida, e na hora da morte.
Haiti
No Vodou haitiano é chamado de Papa Legba e Legbá Petró, Maitre Carrefour (dono da encruzilhada).
Veve de Papa Legba
É o intermediário entre o loa e à humanidade. Ele está em uma encruzilhada espiritual e dá (ou nega) permissão para falar com os espíritos de Guinee, e acredita-se que fale todos os idiomas humanos. Ele é sempre o primeiro e o último espírito invocado em qualquer cerimônia.
Na República Dominicana é cultuado como Vodun Legba, e em Trinidad e Tobago como Eshu.
Referências
↑ Texto extraído de Aulo Barretti Filho: "Considerações Finais" pp. 132-133 em “Òṣóòsì e Èṣù, os Òrìṣà Alákétu”. In: Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu. Aulo Barretti Filho (org.), pp. 75-139. São Paulo, Edusp, 2010.
↑ Fálàdé, Fásínà. Ifá: the key to it’s understanding, Lynwood, Àrà Ifá Pub., 1997.
↑ idem nota 2
↑ Abimbola, Wande. Ifá, an exposition of Ifá Literary Corpus. Ibadan, Oxford Uni Press, 1976.
↑ Bascom, William. Ifa Divination. Indiana, Indiana Univ. Press, 1969.
↑ Barretti Filho, Aulo. “Òṣóòsì e Èṣù, os Òrìṣà Alákétu”. In: Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu. Aulo Barretti Filho (org.), pp. 75-139. São Paulo, Edusp, 2010.
↑ Nei Lopes, Enciclopédia brasileira da diáspora africana
African intellectual heritage Por Molefi K. Asante, Abu Shardow Abarry Publicado por Temple University Press, 1996 ISBN 1-56639-403-1
Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Bahia de Todos os Santos e na antiga costa dos escravos na África Por Pierre Verger Publicado por EdUSP, 1999 ISBN 85-314-0475-4
Africa Por Phyllis Martin, Patrick O'Meara Publicado por Indiana University Press, 1995 ISBN 0-253-20984-6
Eleggua-Eshu em Cuba
Leitura adicional
Para maior conhecimento sobre esta divindade, recomendam-se os livros:
BASTIDE, Roger. O candomblé da Bahia - rito nagô. SP: Companhia das Letras.
BENISTE, José. As águas de Oxalá. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
BENISTE, José. Orun-Aiye. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. Salvador: Corrupio.
Na mitologia, há menção de 600 orixás primários, divididos em duas classes, os 400 dos Irun Imole e os 200 Igbá Imole, sendo os primeiros do Orun ("céu") e os segundos da Aiye ("Terra").
Estão divididos em orixás da classe dos Irun Imole, e dos Ebora da classe dos Igbá Imole, e destes surgem os orixás Funfun (brancos, que vestem branco, como Oxalá e Orunmilá), e os orixás Dudu (pretos, que vestem outras cores, como Obaluayê e Xangô).
Exu, orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
Ogum, orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia, deus da sobrevivência.
Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca.
Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Ayrà, usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
Obaluaiyê, orixá das doenças epidérmicas e pragas, orixá da cura.
Oxumaré, orixá da chuva e do arco-íris, o dono das Cobras e das transformações.
Ossaim, orixá das Folhas sagradas, conhece o segredo de todas elas. Junto com Oxóssi, protege as matas e os animais.
Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos e tempestades. Também é a orixá das paixões.
Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro, deusa das riquezas materias e espirituais, dona do amor e da beleza, protege bebês e recém-nascidos.
Iemanjá, orixá feminino dos mares e limpeza, mãe de muitos orixás. Dona da fertilidade feminina e do psicológico dos seres humanos.
Nanã, orixá feminino dos pântanos e da morte. Protege idosos e desabrigados. Também dona da chuva e da lama. É mãe de Obaluaiê e junto com ele, dona das doenças cancerígenas. Mais velha orixá do panteão africano.
Yewá, orixá feminino do Rio Yewa. Protetora das moças virgens e dona da vidência.
Obá, orixá feminino do Rio Oba. Dona da guerra e das águas.
Axabó, orixá feminino e pouco conhecido, é da família de Xangô.
Ibeji, orixás crianças, são gêmeos, e protegem as criancinhas.
Irôco, orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
Omolu, Orixá da transformação.
Onilé, orixá do culto de Egungun.
Onilê, orixá que carrega um saco nas costas e se apóia num cajado.
Oxalá, orixá do Branco, da Paz, da Fé.
OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, orixá da adivinhação e do destino, ligado ao Merindilogun.
Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários.
Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos – água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias.
No Candomblé cultuam-se muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orixás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos.
Apresentarei nas próximas postagens as descrições dos 16 Orixás mais cultuados. Recordo no entanto que existem diversas correntes no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região.
A História do candomblé é dividida de acordo com a distribuição dos escravos no território brasileiro.
Antes da abolição da escravatura o candomblé já existia mas não com esse nome. Eram as várias religiões tradicionais africanas trazidas pelos escravos da África praticada nas senzalas ou em lugares afastados no meio da mata. Eram chamados de batuque de negros, que tanto podia ser o batuque de roda como roda de capoeira.
Maranhão
No estado do Maranhão o terreiro mais antigo é a Casa das Minas, em São Luís.
Pierre Verger escreveu: "A Casa das Minas teria sido fundada pela rainha Nan Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida como escrava por Adondozã (1797-1818), que governou o Daomé após o falecimento do pai e foi destronado pelo meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo chegou a organizar uma embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi encontrada."
Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe
Em quase todo nordeste a nação Nagô-Egbá ou Xangô do Nordeste é a mais frequente, porém o Xambá é mais comum ser encontrado em Alagoas e Pernambuco.
Bahia
A primeira casa de candomblé Ketu do Brasil e em Salvador que se tem notícia é o Candomblé da Barroquinha e a primeira casa de Candomblé Jeje foi fundada em Cachoeira e São Félix por Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), daomeana que foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia, entre eles a Roça do Ventura (Kwé Cejá Hundé). A primeira casa de Candomblé Bantu também foi em Salvador chamada de Raiz do Tumbensi ou Tumbensi é uma casa de Angola considerada como a mais antiga da Bahia, fundada por Roberto Barros Reis, (Tata Kimbanda Kinunga sua dijína) por volta de 1850, era um escravo angolano, após seu falecimento passou a ser comandada por Maria Genoveva do Bonfim mais conhecida como Maria Neném.
Com as batidas policiais nos terreiros de candomblé e a perseguição e prisão dos adeptos e objetos de culto, algumas iyalorixásresolveram migrar para o Rio de Janeiro em busca de mais tranquilidade para cultuar os Orixás.
Rio de Janeiro
Associação dos Remanescentes do Quilombo Pedra do Sal fica no bairro da Saúde
A primeira casa de candomblé do Rio de Janeiro que se tem notícia foi fundada no bairro da Saúde, por Mãe Aninha, Bangboshê e Oba Saniá em 1886.
Nos anos 50 e 60 as casas de maior afluência na periferia do Rio de Janeiro, eram o Terreiro Bate Folha, em Anchieta (nação Congo), o Ilê Axé Opô Afonjá-Rio em Coelho da Rocha (nação Ketu) e Joãozinho da Goméia - Duque de Caxias (nação Angola).
Rio Grande do Sul
No estado do Rio Grande do Sul tanto o Candomblé como o Batuque são fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações Jêje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.
Há ainda um "resquício" do candomblé de Moçambique no Rio Grande do Sul. Culto sob os cuidados de Antonio do Bará Xangui, provavelmente o ultimo baba dessa nação. Muito pouco sabe-se sobre a nação Moçambique, pois é um culto passado de pai para filho e muito restrito. No caso do sr Antonio do Bará Xangui, a única informação é que recebeu os fundamentos diretamente de seu pai adotivo Antão do Bará Fumalê.
O Candomblé Angola também é encontrado no Rio Grande do Sul.
Um dos principais representantes do Batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã, no Candomblé de Angola Mãe Arlete (Mametu SambaDiá Maza) de Kukueto (Iemanjá), conhecida por sua festa para Iemanjá que reúne milhares de pessoas em Guaíba.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre
Vídeos abaixo se chama O Poder do Machado de Xangô é de um documentário do Globo Repórter dividido em 5 partes. Tenho a certeza que vocês irão adorar este lindo documentário.
Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà).
Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.
Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.
Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá funfun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimônia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está diretamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.
A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinônimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direções.
OJUORI – A TESTA
ICOCO ORI – A NUCA
OPA OTUM – O LADO DIREITO
OPA OSSI – O LADO ESQUERDO
Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.
Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (emi) e o organismo (ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé). Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados.
O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.
O sacerdócio e organização dos ritos para o culto dos orixás são complexos, com todo um aprendizado que administra os padrões culturais de transe, pelo qual os deuses se manifestam no corpo de seus iniciados durante as cerimônias para serem admirados, louvados, cultuados. Os iniciados, filhos e filhas-de-santo (iaô, em linguagem ritual), também são popularmente denominados “cavalos dos deuses” uma vez que o transe consiste basicamente em mecanismo pelo qual cada filho ou filha se deixa cavalgar pela divindade, que se apropria do corpo e da mente do iniciado, num modelo de transe inconsciente bem diferente daquele do kardecismo, em que o médium, mesmo em transe, deve sempre permanecer atento à presença do espírito. O processo de se transformar num “cavalo” é uma estrada longa, difícil e cara, cujos estágios na “nação” queto podem ser assim sumariados:
Para começar, a Ialorixá ou Babalorixá deve determinar, através do jogo de búzios, qual é o orixá dono da cabeça daquele indivíduo (Braga, 1988). Ele ou ela recebe então um fio de contas sacralizado, cujas cores simbolizam o seu orixá, dando-se início a um longo aprendizado que acompanhará o mesmo por toda a vida. A primeira cerimônia privada a que a noviça (abiã) é submetida consiste num sacrifício votivo à sua própria cabeça (bori), para que a cabeça possa se fortalecer e estar preparada para algum dia receber o orixá no transe de possessão. Para se iniciar como cavalo dos deuses, a abiã precisa juntar dinheiro suficiente para cobrir os gastos com as oferendas (animais e ampla variedade de alimentos e objetos), roupas cerimoniais, utensílios e adornos rituais e demais despesas suas, da família-de-santo, e eventualmente de sua própria família durante o período de reclusão iniciática em que não estará, evidentemente, disponível para o trabalho no mundo profano.
Como parte da iniciação, a noviça permanece em reclusão no terreiro por um número em torno de 21 dias. Na fase final da reclusão, uma representação material do orixá do iniciado (assentamento ou ibá-orixá) é lavada com um preparado de folhas sagradas trituradas (amassi). A cabeça da noviça(o) é raspada(o) e pintada, assim preparada para receber o orixá no curso do sacrifício então oferecido (orô). Dependendo do orixá, alguns dos animais seguintes podem ser oferecidos: cabritos, ovelhas, pombas, galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado sobre a cabeça da noviça, no assentamento do orixá e no chão do terreiro, criando este sacrifício um laço sagrado entre a noviça, o seu orixá e a comunidade de culto, da qual a Ialorixá ou babalorixá é a cabeça. Durante a etapa das cerimônias iniciáticas em que a noviça(o) é apresentada pela primeira vez à comunidade, seu orixá grita seu nome, fazendo-se assim reconhecer por todos, completando-se a iniciação como iaô (iniciada jovem que “recebe” orixá). O orixá está pronto para ser festejado e para isso é vestido e paramentado, e levado para junto dos atabaques, para dançar, dançar e dançar.
No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos, a dança e a comida (Motta, 1991). Uma festa de louvor aos orixás (toque) sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que significa “vamos comer”), preparado com carne dos animais sacrificados. O novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimónias festivas ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa “meu irmão mais velho”). Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação.
Quando o ebômi morre, rituais fúnebres (axexê) são realizados pela comunidade para que o orixá fixado na cabeça durante a primeira fase da iniciação possa desligar-se do corpo e retornar ao mundo paralelo dos deuses (orum) e para que o espírito da pessoa morta (egum) liberte-se daquele corpo, para renascer um dia e poder de novo gozar dos prazeres deste mundo.
Dahomé, o berço da nação Ewe e fon, denominados Jêjes, no Brasil, enumeram-se em diversas tribos como os Agonis, Axantis, Gans, Popós, Crus etc. Os primeiros povos jêjes tiveram como destino São Luis do Maranhão, onde ainda se mantém vivas as tradições religiosas trazidas da terra mãe, África. Também se encontra o ritual jêje em Salvador, Cachoeira de São Félix, Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e São Paulo, que também importou os rituais desta nação.
O negro descendente do Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades chamadas Voduns, cujo Deus Supremo é Mawu , a quem são subordinados, assim como Olodumaré o Deus Supremo dos Orixás Yorubás. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lisa, e são filhos de Nana Buruku (ou Nana Buluku), a grande mãe criadora do mundo. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existem catorze destes deuses, que eram sete pares de gémeos. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé, os Fons.
O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Jêje, e no Maranhão Tambor de Mina.
Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje, o predomínio, em certos grupos, é de mulheres como filhas de santo. Os devotos têm que se submeter a longo processo de iniciação. Os detalhes dos rituais são pouco comentados, não há rituais públicos de iniciação; a cada comunidade, apenas duas ou três pessoas se dedicam ao ritual completo de iniciação. Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os rituais relacionados com o culto, os segredos são mantidos a sete chaves.
Assim como os Orixás do Batuque, os Voduns incorporados, conversam com a assistência, dando bênçãos, conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. È comum no culto jêje fazer provas com os iniciados incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a mão no azeite de dendê fervendo.
Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama de cultura Jêje-Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros contam com um barracão central para as danças, pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de divindades, onde são mantidos os assentamentos. O forte sincretismo prevê, também a instalação de uma pequena capela com altar católico, há uma cozinha, quartos para dormir e se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as obrigações. há também a casa de Legba, onde são feitas grandes obrigações.
A iniciação jêje requer um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um ano de reclusão, onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças, cantigas, preparo das comidas sagradas, cuidar de árvores e espaços sagrados, votos de segredo e obediência. As entidades são assentadas, recebem sacrifícios de animais, comidas, bebidas e outros presentes. Os assentamentos são preparados em pedras, que representam um “imã” que tem a força do Vodun, e ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras, louças e ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes da casa e do quintal marcados por árvores como a cajazeira, ginja e pinhão branco. È comum ter assentamentos no centro do barracão de danças; assim como em outras nações, no culto jêje também são feitos rituais de limpezas, banhos com ervas e muitas preces. Nos rituais antigos o contacto com os voduns dependia muito da vidência das Vodunsis, e a adivinhação era feita através da interpretação dos sonhos, consulta com os Voduns e exame da luz de velas, actualmente é comum o uso dos Búzios para consultar as divindades.
As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás nagôs. O panteão jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá, Davice, Savaluno e Queviossô.
As actividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos iniciados, e em festas públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos comem as comidas preparadas com a carne dos animais oferecidos em sacrifício às divindades.
Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das divindades. Mawu (feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla Mawu-Lissá cujos Voduns são filhos e descendentes de ambos. Os principais Voduns são: Loko; Gu; Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.
A casa de jêje chama-se Kwe, e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame, que é o templo onde está dentro a divindade; é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa, que são responsáveis pelos ensinamentos aos futuros Vodunsis.
No Rio Grande do Sul, os terreiros que ainda mantém firme a cultura Jêje, nota-se a conservação de certas obrigações, à exemplo, nos assentamentos de Ogum Avagã cujas ferramentas usadas são as mesmas para o assentamento de Gu no Dahomé, e algumas não tem o uso do okutá; e também há nomes de Orixás que usam o mesmo dos Voduns, como por exemplo Dã, cujo Orixá de uma famosa Yalorixá da nação Jêje chamava-se Dã e um outro antigo Babalorixá de Porto Alegre pertencente a esta mesma nação, tinha o assentamento de Sobô; (Sobô é nome de um Vodun do Dahomé). Dos pais e mães de santos actuais, da nação Jêje do Rio Grande do Sul, muitos desconhecem a palavra Vodun; deve-se este fato ao predomínio da nação Ijexá, de origem Yorubá que acabou absorvendo as demais, e o termo Vodun com o tempo deixou de existir; mas é certo que a linguagem usada nos cantos rituais e o uso dos aquidavís para percussão dos tambores, o uso do Gã (instrumento de percussão), entre outros fatos reflectem muito os fundamentos do antigo Dahomé.
Há casos em que as tradições culturais africanas resistem, mais que em outros, à mudança, mas em nenhuma instância, nem mesmo nos terreiros mais antigos e ostensivamente zelosos à suas origens, deixou de existir, contudo, se tivesse, no sul um maior interesse em pesquisar a origem dos fundamentos de cada nação é certo que achariam a ligação directa do jêje praticado aqui, com os povos do antigo Dahomé, e assim por diante.
O que sobrevive da vertente jêje como legado cultural acha-se incorporado ou associado ao acervo Yorubá, embora não se fale em Vodu no Rio Grande do Sul, certas práticas da religião do antigo Dahomé, hoje Benin, podem ser detectadas no Batuque do Rio Grande do Sul, principalmente nos terreiros que fazem parte da raiz do falecido Joãozinho de Bará (Esú Biyí).
Religião afro-brasileira, de origem banto, que compreende as nações de Angola e Congo (Cassanges, Kikongos, Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a linguagem Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus tambores.
Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás, e o Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).
O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas. Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda.
Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água doce e Obi; Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos, com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro sistema antigo de consulta é o Ngombo, no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.